O novo livro de Esther Mucznik "Auschwitz, um dia de cada
vez", ensina a imensidão do mundo de Auschwitz. Uma história a não
perder.
«Um companheiro de Auschwitz pergunta a Primo Levi por que
motivo já não se preocupa com a higiene. Ele responde simplesmente: “Para quê,
se daqui a meia hora estarei de novo a trabalhar com sacos de carvão?” É desse
companheiro que recebe a primeira e talvez principal lição de sobrevivência:
“Lavarmo-nos é reagir, é não deixar que nos reduzam a animais; é lutar para
viver, para poder contar, para testemunhar; é manter a última faculdade do ser
humano: a faculdade de negar o nosso consentimento”.»
A capacidade de sobrevivência do ser humano é notável e, por
mais terrível que fosse a existência em Auschwitz, todos os dias se lutava para
sobreviver apesar de a morte estar ao virar de cada esquina. O campo de
concentração de Auschwitz é sinónimo do mal absoluto preconizado pelo nazismo.
Foi ali que judeus e ciganos serviram de cobaias às diabólicas experiências
médicas, que acima de um milhão de seres humanos foram gaseados e que mais de
200 mil homens, mulheres e crianças morreram de fome, frio e doença, de
exaustão e brutalidade, ou simplesmente de solidão e desesperança.
No entanto, muitos presos resistiam à total desumanização
esforçando-se por manter alguma dignidade. Cuidar da higiene, ler, escrever,
desenhar, ajudar alguém a sobreviver ou até a morrer eram atos que atribuíam
condição humana a quem parecia ter desistido de viver. Esther Mucznik, autora
dos livros "Grácia Nasi" e "Portugueses no Holocausto",
dá-nos a conhecer o dia-a-dia de Auschwitz através das vozes daqueles que ali
acabaram por perecer e dos seus carrascos, do insuportável silêncio das
crianças massacradas, das mulheres e homens violentados em bárbaras
experiências médicas, mas também através dos relatos daqueles que sobreviveram
para contar e manter viva a memória do horror da máquina de morte nazi. Para
que ninguém possa alguma vez esquecer.
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