No dia 10 de setembro estreia o filme português: Ordem Moral.
Site oficial: http://ordemmoral-
Sinopse:
A 13 de Novembro de 1918, dois dias após o Armistício que põe cobro à Grande Guerra, num país mergulhado numa profunda miséria, no caos e na anarquia, Maria Adelaide Coelho da Cunha, herdeira e proprietária do Diário de Notícias, desaparece do seu domicílio no luxuoso Palácio de São Vicente de Fora. O marido, Dr. Alfredo da Cunha, poeta, dramaturgo e director do grande quotidiano, apela aos leitores para que ajudem a polícia e a família a encontrar a esposa desaparecida. Está lançada a maior campanha moralista, vingativa e punitiva de que há memória. Pagam-se polícias e detectives e desencadeia-se a maior « batida » no território nacional. A caça à doida começou.
Aos 48 anos, Maria Adelaide fugiu na companhia do jovem amante, Manuel Claro, seu antigo chauffeur, de 26 anos de idade. Sem dinheiro, roupa ou joias. Motivada pelo desejo sensual e profundo do amigo e a vontade de se libertar do jugo hipócrita e moralista que a sufocava. Três semanas mais tarde, um verdadeiro comando, irrompe-lhes em casa, sem mandato. Internada no hospício de Conde de Ferreira, graças à cumplicidade dos maiores alienistas portugueses, Júlio de Matos, Egas Moniz e Sobral Cid, Maria Adelaide vai enfrentar longos meses de prisão, de violência física e psíquica. Mas resiste. Com a cumplicidade de Manuel Claro evade-se do Conde de Ferreira e refugia-se no Rossão. Detectives a soldo da família descobrem o seu refúgio e levam-na de novo para o manicómio. Acusado de rapto, violação e sequestro privado, Manuel Claro é preso e ameaçado de uma pena de 18 anos de cadeia.
O país continua embrenhado na violência e anarquia. Sidónio Pais é assassinado. A reação dos poderes estabelecidos contra quem desrespeite a instituição familiar, é duma rara violência e hipocrisia. Maria Adelaide, só pode ter cedido à lubricidade da sua paixão pela simples razão de que enlouquecera. Confirmada a sua demência por Matos, Moniz e Cid, que a declaram degenerada hereditária, «privada da capacidade civil para reger a sua pessoa e administrar os seus bens», o Conselho de Família pronuncia a sua interdição.
Alfredo da Cunha, pode enfim vender o Diário de Notícias, num negócio considerado como milionário a que ela sempre se opusera e que, sem a sua interdição, teria sido impossível. O jornal passa a defender os interesses políticos, económicos e militares que sete anos depois, em 1926, iriam instaurar a Ditadura Nacional.
Sem baixar os braços, Maria Adelaide obtém que o Ministro do Interior decrete a sua saída do Hospício. A partir daí, graças ao seu talento literário, vai denunciar todo este miserável processo, batendo-se simultaneamente pela libertação de Manuel Claro, que acaba por obter ao cabo de 4 anos de cadeia sem culpa formada. A interdição de Maria Adelaide só é levantada em 1944, depois do falecimento do marido, e da transferência para o filho dos bens de que era legítima proprietária. Tinha 74 anos de idade.